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Professor cria prova em aplicativo e aumenta interesse dos alunos pelos estudos

Thiago Ribeiro, professor de Geografia na rede estadual do Rio de Janeiro, vinha tendo dificuldades com as avaliações complementares. Por valerem poucos pontos, muitos alunos acabavam não as realizando. Notando que os estudantes estavam sempre com os celulares na mão, o professor resolveu utilizar o aparelho como aliado.

Usando o programa App Inventor, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Thiago criou um aplicativo, batizado então de RecGeo 089 pois, inicialmente, foi pensado como um dispositivo para avaliações de recuperação. Como a recepção dos alunos foi boa e seu uso trouxe bons resultados, o professor expandiu a utilização para outras avaliações.

Thiago confessa que, assim como muitos professores, tinha um certo receio em usar a tecnologia na sala de aula. Ele afirma que se perguntava se os alunos faria a prova mais de uma vez, ou se fariam em grupos, ou ainda se pesquisariam as respostas na internet. Mas ele conseguiu desconstruir estes questionamentos, olhando a situação por outro ângulo: se os estudantes fizessem a prova mais de uma vez, significaria que estão interessados; se pesquisassem na internet, significaria que estão estudando e, se fizessem em grupos, estariam trabalhando de forma coletiva. Ou seja, haveria algum aprendizado de qualquer forma.

A iniciativa de usar o aplicativo para realização das provas ajudou a resgatar o interesse dos alunos, pois o processo de avaliação ficou mais atual e dinâmico, além de possibilitar um tempo mais flexível para a realização e não exigir entrega em papel. A participação dos alunos nas avaliações complementares aumentou de 50% para 90%, refletindo-se também nas notas deles. E, mais do que um desempenho melhor nos estudos, o uso do aplicativo também despertou o interesse de alguns alunos em aprender sobre programação. Ou seja, a solução inovadora do professor Thiago não só reverteu o problema das avaliações, como também acabou incentivando os estudantes a produzir novos conhecimentos.

 

Fonte: Porvir

Inovações na educação “servem de estímulo a professor”, diz OCDE

Inovações – de filosofia, estilo e até de recursos tecnológicos – nas escolas podem ter impacto positivo na valorização de professores e, em alguns casos, nas notas dos alunos em algumas disciplinas.

É o que sugere um estudo-piloto divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o relatório Mensurando Inovação na Educação.

A análise se debruçou sobre 28 sistemas educacionais (entre países, estados americanos e territórios canadenses, Brasil não incluído) no mundo. As conclusões podem ser lidas no link http://bbc.in/1yPdvTw.

Segundo os especialistas da OCDE, ainda que não haja uma relação facilmente comprovável entre inovação e melhorias na educação, “em geral, países com maiores níveis de inovação veem aumento em alguns resultados educacionais, incluindo melhor performance em matemática na oitava série (13 e 14 anos), resultados de aprendizado mais igualitários e professores mais satisfeitos”.

Entre as inovações analisadas estão materiais didáticos, recursos educacionais, estilo de ensino, aplicação de conhecimento na vida real, interpretação de dados e textos, disponibilidade de computadores e sistemas de e-learning nas aulas, novas formas de organizar atividades curriculares e uso de tecnologia na comunicação com pais e alunos, entre outros.

Porém, os investimentos em tecnologia e inovação não são unanimidade entre estudiosos de educação, já que nem sempre esses investimentos se traduzem em melhor desempenho ou em benefícios mensuráveis – e muitas vezes incorrem em aumento de gastos.

Questão de confiança

O autor do relatório, Stephan Vicent-Lancrin, explica à BBC Brasil que de fato não é possível verificar com certeza a relação direta entre inovação e benefícios. Mas há “indícios” de que aquela tenham efeitos positivos na igualdade de oportunidades entre alunos, no desempenho em disciplinas como matemática e, sobretudo, no estímulo a professores.

“Não podemos afirmar com certeza que as notas melhoram graças a inovações na sala de aula. Mas vemos que inovações trazem confiança para (que agentes participantes da educação) promovam outras mudanças”, diz Vincent-Lancrin.

“A relação mais forte que observamos foi em relação à satisfação de professores. Mais inovações trouxeram mais motivação.”

As práticas foram estudadas pela OCDE entre 2000 e 2011, no ensino primário e secundário, e o país estudado que mais adotou inovações no período foi a Dinamarca (com 37 pontos no índice calculado pelo órgão), seguido por Indonésia (36), Coreia do Sul (32) e Holanda (30).

Entre as mudanças observadas na Dinamarca estão, por exemplo, aumento no uso de testes-padrão elaborados por professores, e mais intercâmbio de conhecimento entre o corpo docente.

Segundo o relatório, “os sistemas educacionais que mais inovaram são também os mais igualitários em termos de desempenho dos estudantes”. Por exemplo, os da Indonésia e da Coreia do Sul.

Sendo assim, o estudo aponta que há uma “presunção” de que mais inovação desencadeie mais igualdade de oportunidades e aprendizado entre alunos, ainda que isso não possa ser efetivamente provado.

Mas se a adoção de novas práticas na ciência e na economia produtiva é apontada como um fator importante para a competividade global, na educação essa correlação não é tão simples. O próprio estudo aponta que existem também sistemas educacionais com baixa inovação e alto desempenho.

Ao mesmo tempo, argumentos pró-inovação na educação incluem maximizar o retorno do investimento público, buscar avanços no desempenho de alunos e reduzir a desigualdade de oportunidades entre estudantes, aponta a OCDE.

O relatório diz que, “ao contrário do que se costuma pensar, há um nível razoável de inovação no setor educacional, tanto em relação a outros setores da sociedade como em termos absolutos. Setenta por cento dos formandos empregados no setor educacional consideram seus estabelecimentos como altamente inovadores, índice similar ao da média (do restante) da economia (69%)”.

Segundo Stephan Vincent-Lancrin, o setor educacional apresentou índices de inovação mais elevados do que o restante do setor público, mas são necessários mais estudos para entender exatamente seus desdobramentos no ambiente escolar.

“Estamos tentando colocar o assunto no mapa para entender seu impacto”, diz.

Fonte: BBC

Ideias para aumentar a satisfação do professor em sala de aula

Um professor que recebe apoio no dia a dia e é estimulado a fazer parte de uma rede de troca experiências com colegas é mais satisfeito e comprometido com seu trabalho. Se ele estiver diante de uma classe em regiões de baixo nível socioeconômico, mais importante ainda são essas atitudes. Essas conclusões e recomendações fazem parte de um novo estudo divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) chamado “Apoio ao profissionalismo do professor”, que por sua vez é baseado na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS, na sigla em inglês).

No estudo o conceito de profissionalismo se divide em outros três: 1) base de conhecimento para dar aula (o que inclui formação inicial e continuada); 2) autonomia, definido como poder de decisão de um professor sobre aspectos relacionados a seu trabalho; e 3) redes que promovem intercâmbio de informação para apoio ao ensino e evitar o trabalho isolado em um mundo que exige cada vez mais colaboração. No levantamento feito com 100.000 professores e diretores de 34 países e dados provenientes de outros quatro, incluindo o Brasil, o nível de profissionalismo docente é medido de acordo com o número de boas práticas alcançadas pelo professor.

Apesar da variação entre os países sobre o nível do que a OCDE considera profissionalismo, a pesquisa descobriu que existem áreas que são notadamente enfatizadas. Por exemplo, professores costumam receber maior incentivo durante a formação inicial do que durante o período em que já estão comandando uma sala de aula. Também é menos provável que eles tenham acesso a uma bolsa para um curso de aperfeiçoamento fora do horário de trabalho.

Com um recorte para professores da etapa que no Brasil equivale ao ensino fundamental 2, o estudo encontrou importantes diferenças entre as escolas. Os de ensino fundamental tem maior chance de ter participado de um programa de formação inicial do que aqueles de ensino médio. Por outro lado, esses últimos são mais propensos a demonstrar autonomia quando comparados aos colegas das turmas de alunos mais novos.

Apesar de países terem sistemas de formação parecido, existem grandes diferenças entre o nível de poder de decisão dado aos professores e o de apoio à formação de redes para troca de conhecimento e experiências. Neste último caso, mais precisamente, os professores tendem a receber feedback (retorno) de colegas e supervisores a partir de observação direta. A participação em um rede de professores dedicada ao desenvolvimento profissional ou em algum programa específico é menos citada.

Satisfação, status e autoeficácia

Ao examinar a relação entre profissionalismo do professor e de políticas voltadas a ele, o estudo aponta que elas impactam no reconhecimento de status, satisfação com a profissão e o ambiente escolar e autoeficácia. Ter base de conhecimento e uma ampla rede de colegas são fatores que estão ligados a um maior status e satisfação em todos os países, enquanto o mesmo não acontece com a autonomia.

Preocupação com a equidade

O relatório da OCDE também analisou como o apoio aos professores acontece em escolas de diferentes níveis econômicos e sociais. As unidades que mais precisam de ajuda são as que possuem alunos estrangeiros, que não tem a língua local como materna; que tem necessidades especiais ou nível socioeconômico mais baixo. A característica que mais separa escolas privilegiadas daquelas que necessitam maior atenção é a autonomia.

Como esperado, o nível de apoio que os professores recebem tem ligação direta com a satisfação que demonstram com o atual emprego. Importante para questões de equidade, a associação entre apoio ao profissionalismo e satisfação é maior para professores de escolas com maiores necessidades, o que sugere que um dos melhores investimentos que diretores podem fazer para motivar suas equipes é providenciar práticas que apoiem o profissionalismo do professor.

Implicações políticas

Apesar de reconhecer a influência benéfica para os professores de altos de níveis de profissionalismo, o estudo da OCDE reconhece que é difícil chegar a um nível de excelência em diferentes contextos. Além disso, prefere não levantar hipóteses sobre o que é melhor para cada sistema. Em vez disso faz recomendações sobre o que uma política eficiente deve considerar, especialmente para escolas de fundamental 2, com alunos de baixo nível socioeconômico:

– requisitar que professores participem de um programa formal de formação inicial que os exponha à pedagogia e à prática;

– expandir programas de indução e mentoria;

– apoiar professores na realização de pesquisas em sala de aula individuais ou colaborativas;

– encorajar professores a participarem de redes com outros professores para a troca de informações.

Fonte: Por Vir